Desde o início de agosto, o Brasil registra um aumento dos casos de influenza B, vírus causador da gripe. Segundo os informes sobre síndromes gripais do Ministério da Saúde, enquanto no fim de julho esse patógeno tinha uma participação quase insignificante nos registros de srag (Síndrome Respiratória Aguda Grave), no boletim divulgado no último dia 25 de outubro, ele já respondia por 12% dos casos e 13% dos óbitos --atrás apenas das mortes por Covid.
A
alta vem sendo constante nos últimos dois meses. Somente em agosto, a
taxa de casos e mortes praticamente dobrou, passando de cerca de 2% nos
primeiros dias para 5% e 4%, respectivamente, ao final do mês. Os
registros do Ministério da Saúde também destacam um aumento na detecção
desse patógeno em outubro, com crescimento nas regiões Sudeste e Sul.
A
boa notícia é que uma queda começou a ser observada em laboratórios
privados. Números desses estabelecimentos compilados no monitoramento
feito pelo ITpS (Instituto Todos pela Saúde) mostram que a taxa de
positivos saltou de 3,13% no início de agosto para 21,55% no fim de
setembro. O último relatório, de 18 de outubro, mostrou uma pequena
queda, ficando em torno de 18%.
Mesmo
assim, ao lado do rinovírus, o influenza B é o principal vírus
respiratório em circulação atualmente, segundo o ITpS. O da Covid
representa 8,03% dos resultados positivos; o da Influenza A responde por
4,5%; e o VSR (Vírus Sincicial Respiratório), 0,9%.
O surgimento desses vírus nesta época do ano surpreende, já que costumam apresentar pico no início do outono e inverno."Tem
um fator da temperatura, pois este ano tivemos menos períodos de frio",
avalia a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita
Albert Einstein. O
vírus da influenza é transmitido por meio de secreções ou gotículas ao
tossir, falar ou espirrar; e ainda pelo contato com superfícies
contaminadas. A maior aglomeração em ambientes fechados em razão do frio
favorece essa disseminação.
Uma
mudança na sazonalidade também foi observada em dezembro de 2021,
quando houve um crescimento inesperado dos casos de gripe e VSR no
verão.
BAIXA ADESÃO À VACINAÇÃO
Mas
não são apenas fatores sazonais que influenciam nas altas recentes da
gripe. "Também tem a questão da baixa adesão à vacina, pois isso
influencia esses casos inesperados, em momentos diferentes", diz
Gouveia. Até
o dia 25 de outubro, a vacinação contra a gripe atingiu apenas metade
(52%) do público-alvo, que inclui crianças, gestantes, puérperas e
idosos. "Vale
lembrar que os anticorpos após a vacinação duram, em média, de seis a
12 meses e por isso é preciso tomar a vacina todos os anos", frisa a
médica.
A
vacina da gripe protege contra os tipos de influenza A e B e está
disponível no SUS (Sistema Único de Saúde) e na rede privada. Em e-mail
enviado à Agência Einstein, o Ministério da Saúde reforça a importância
da vacinação contra a gripe para reduzir hospitalizações e mortes por
influenza.
SINTOMAS DA INFLUENZA B
Os
sintomas da gripe causada por esse agente incluem febre, calafrios, dor
de garganta e de cabeça, dores musculares, tosse, coriza, fadiga e até
vômito e diarreia, em alguns casos.
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