Folhapress - A notícia de
que o deputado Jean Wyllys (PSOL) desistiu de seu novo mandato no
Congresso e vai deixar o Brasil por temer pela sua segurança foi
destaque nos principais veículos europeus nesta sexta-feira (25/01). A
mídia europeia ressalta que o “primeiro deputado abertamente gay a
ocupar um lugar no Congresso Nacional” e um dos mais destacados
desafetos do presidente Jair Bolsonaro tomou a decisão por causa de
ameaças de morte relacionadas ao clima de homofobia surgido na esteira
da vitória do ex-militar.
O portal de
notícias alemão Spiegel Online lembra que “o ex-oficial do Exército
Bolsonaro, que repetidamente fez declarações anti-homossexuais, assumiu
como presidente no início do ano. Quando era membro do Parlamento, ele e
Wyllys se enfrentaram repetidamente”. Lembra ainda que “quando
Bolsonaro, em 2016, dedicou seu voto pela destituição da então
presidente Dilma Rousseff a um torturador da época da ditadura militar
brasileira, Wyllys cuspiu no rosto dele”.
O veículo
destaca que “a notícia da desistência de Wyllys desencadeou consternação
entre os ativistas brasileiros que lutam pelos direitos de homossexuais
e transexuais”. O site do
jornal berlinense Der Tagespiegel critica que “Wyllys foi transformado pela campanha eleitoral de Bolsonaro na imagem do inimigo. Com isso,
Bolsonaro queria mobilizar sua base direitista”. A publicação prossegue
afirmando que “dezenas de mentiras sobre Wyllys foram espalhadas na
internet pelo círculo ligado a Bolsonaro: Wyllys seria um defensor da
pedofilia. Wyllys estaria querendo proibir partes da Bíblia e ensinar as
crianças na escola a serem homossexuais”.
O jornal
britânico The Guardian especula que a “saída [de Wyllys] provavelmente
aumentará o temor da comunidade LGBT no Brasil de que a homofobia
aumente ainda mais sob o governo do presidente Jair Bolsonaro, o qual
ganhou fama por sua notória homofobia”. Mais adiante, a matéria lembra
que “apesar da imagem do Brasil como uma nação inclusiva, que abriga a
maior parada gay do mundo, há homofobia desenfreada e muitas vezes
violenta.” O veículo cita estatísticas. “Em 2017, pelo menos 445
brasileiros LGBT morreram vítimas de homofobia –um aumento de 30% em
relação a 2016.”
O jornal
espanhol El País destaca as mensagens em clima de celebração publicadas
no Twitter pelo presidente e por seu filho, Carlos, no mesmo dia em que a
notícia foi divulgada. “Depois do anúncio de Wyllys nesta quinta-feira,
o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, escreveu no
Twitter: ‘Vá com Deus e seja feliz!'”, relata a publicação. “Por sua
parte, Jair Bolsonaro, depois de dizer que estava regressando de Davos,
publicou na rede social: ‘Grande dia!’. Muitos internautas interpretaram
as mensagens como uma referência à decisão de Wyllys e o denunciaram
nas redes. Depois, ambos os políticos voltaram a publicar mensagens em
que desmentiam tal interpretação”, frisa o diário.
O jornal
português Público também noticiou a renúncia do parlamentar do PSOL,
lembrando que “assumidamente gay, Wyllys é um dos mais vocais críticos
da agenda política do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, o que lhe
tem valido ser alvo de sucessivas campanhas de difamação e de fake
news”. O periódico lembra que “num dos casos, foi acusado pelo também
deputado Alexandre Frota, próximo de Bolsonaro, de fazer apologia da
pedofilia. Acabou por levar Frota a tribunal e vê-lo ser condenado por
difamação”.
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